As obrigações religiosas dos muçulmanos são consideradas “os cinco pilares”:
- O credo;
- A oração;
- A caridade;
- O jejum; e
- A peregrinação a Meca
O credo
“Não há outro Deus senão Alá, e Maomé é seu Profeta.” Esse credo é repetido pelos fiéis várias vezes todos os dias e proclamado do alto dos minaretes nas horas de oração. Esse ato de fé se encontra nas paredes das mesquitas. E a primeira coisa que se deve sussurrar ao ouvido da criança recém-nascida e a última a se murmurar no ouvido dos moribundos. O ato de fé é o ponto chave da religião islâmica.
A oração
O islã requer que o fiel diga suas preces cinco vezes por dia. Antes de cada um dos cinco horários fixos para a oração, ouve-se o chamado à reza vindo dos minaretes, que são as torres das mesquitas. Antigamente um homem denominado muezim fazia o chamado; hoje, porém, em geral é uma fita gravada que repete as conhecidas palavras:
Alá é Grande,
não há outro Deus senão Alá
e Maomé é seu profeta.
Vinde para a oração, vinde para a salvação,
Alá é Grande,
não há outro Deus senão Alá.
Antes da oração o fiel deve estar ritualmente limpo. Os muçulmanos creem que as pessoas se tornam impuras em razão de suas funções corporais — inclusive atos sexuais — e, portanto, devem passar por uma purificação. Isso significa lavar o corpo inteiro em água corrente. Em outras ocasiões, basta lavar as mãos e o rosto. Não é raro que haja banhos especiais próximos às mesquitas. Tais regras levaram a um alto padrão de higiene nos países árabes, já desde os tempos antigos (veja as suras 4:46 e 5:8-9).
A maioria das orações islâmicas são fórmulas fixas, um ritual que exige palavras e gestos bem definidos. Embora exista também a oração espontânea, na qual o fiel pode se dirigir a Deus para falar de algo pessoal, a oração ritual deve ser dita em primeiro lugar. Ela consiste sobretudo em louvores a Deus.
Uma oração constantemente repetida é a sura 1 — o Exórdio:
Louvado seja Deus, Senhor do Universo,
O Caridoso, o Compassivo,
Soberano do Dia do Juízo!
Só a Ti adoramos, e só a Ti recorremos em busca de ajuda.
Guia-nos pelo caminho direito,
O caminho daqueles a quem Tu favoreceste,
Não daqueles que incorreram na Tua ira,
Não daqueles que se desviaram.
As cinco orações diárias podem ser ditas em qualquer lugar. A maioria das pessoas possui um tapetinho ou uma esteira especial onde se ajoelham e rezam, e seus gestos são sempre dirigidos para Meca. Os gestos têm tanto valor quanto as palavras; eles enfatizam a submissão do homem — a palavra islã significa isso, “submissão” — e mostram que o corpo e a alma são igualmente importantes.
Sempre que possível, o fiel deve participar das orações da congregação pelo menos uma vez por semana, de preferência numa mesquita. Isso é especialmente relevante nas orações de sexta-feira ao meio-dia, quando o serviço inclui um sermão. “Fiéis, quando fordes chamados para as orações de sexta-feira, apressai-vos a vos lembrar de Deus e cessai vosso comércio” (62:9).
Os que comparecem à mesquita devem estar respeitosamente vestidos, tirar os sapatos antes de entrar e acompanhar os movimentos de quem preside as orações de maneira ordenada e disciplinada. O líder das orações também fica de frente para Meca, isto é, de costas para a congregação.
Normalmente são só os homens que oram no salão principal da mesquita. As mulheres ficam numa galeria, ou escondidas atrás de uma cortina bem no fundo.
Qualquer homem adulto muçulmano pode ser um dirigente das preces, um imã. Não há sacerdócio organizado no islã. Entretanto, em geral o dirigente das orações e responsável pelos sermões tem uma boa educação teológica e é funcionário da mesquita.
A caridade
A caridade é, na verdade, uma taxa ou um imposto formal sobre a riqueza e a propriedade. Está fixada em 1/40, ou seja, 2,5%, mas as pessoas são incentivadas a dar mais. De acordo com Maomé, essa taxa deve ser tirada dos ricos e dada aos pobres.
“Caridade” não é uma tradução plena da palavra árabe, pois ela é mais do que um presente. É um dever para o muçulmano, um dever dado por Deus, como diz o Corão.
Quando essa taxa é recolhida e destinada a usos sociais, ela se torna parte da política oficial de redistribuição de um Estadoislâmico. O objetivo é diminuir as desigualdades entre ricos e pobres, sem interferir no princípio da propriedade privada.
O dever de dar esmolas também influenciou o desenvolvimento do socialismo islâmico em alguns países.
O jejum
O Corão proíbe os muçulmanos de comer porco, por ser um animal impuro. Proíbe também o álcool. Afora isso, o islã não prega o ascetismo de qualquer espécie. Ao contrário, o Corão diz: “Deus deseja o vosso bem-estar, não o vosso desconforto”. A grande exceção é o jejum durante o Ramadan, o nono mês do ano lunar. Entre o nascer do sol e o pôr-do-sol é proibido comer, beber, fumar ou ter relações sexuais. Os viajantes, os doentes, as crianças e as mulheres grávidas ou que estão amamentando são exortados a cumprir o jejum numa data posterior.
A noite essas proibições são suspensas; assim, em diversos lugares a vida noturna é animada e há boa comida e bebida, enquanto muitos fiéis se reúnem nas mesquitas para passar a noite ouvindo o Corão. Ramadan, o mês de jejum, foi o mês em que Maomé teve sua primeira revelação. O jejum simboliza o retiro que cada muçulmano deveria fazer, como fez Maomé.
A peregrinação a Meca
Todo muçulmano adulto que dispõe de meios para realizar uma peregrinação a Meca, deve fazê-lo pelo menos uma vez na vida. Ali se encontra o santuário sagrado mais antigo do islã, a Caaba. Trata-se de um edifício quadrado coberto por um pano negro. Num canto da Caaba fica uma pedra negra incrustada na parede; essa pedra tem um enorme significado simbólico.
Para os muçulmanos, Meca e a Caaba são o centro do mundo. Não só os fiéis se voltam para Meca quando oram; também as mesquitas são construídas com o eixo mais longo apontando para lá. Os mortos são enterrados voltados para Meca, e a cidade é o destino das peregrinações.
Meca é visitada todos os anos por cerca de 1,5 milhão de peregrinos, metade dos quais vem de fora da Arábia. O número de peregrinos aumentou de maneira extraordinária depois que se organizaram os vôos charter para lá. A grande mesquita de Meca foi completamente reconstruída e hoje pode abrigar 600 mil pessoas. Só os que podem provar que são muçulmanos recebem visto para entrar na cidade santa.
Quando os peregrinos se aproximam de Meca, passam a usar vestes brancas. Nos dias que se seguem eles irão realizar uma série de ritos, dentro e fora da cidade. A maioria desses rituais enfatiza sua ligação com Abraão ou Maomé, pois ambos mostraram obediência a Deus. O primeiro rito consiste em caminhar em torno da Caaba sete vezes, e muitos tentam beijar a pedra negra. Diz a tradição que essa construção foi erigida por Abraão e Ismael, filho de Abraão com sua escrava Agar.
Outro momento importante é quando os peregrinos se postam no monte Arafat, desde o meio-dia até o pôr-do-sol, sem permissão para proteger a cabeça do calor intenso. Foi no monte Arafat que Adão e Eva se encontraram de novo, depois que foram expulsos do jardim do Éden. Os peregrinos passam várias horas ali juntos, afirmando assim seu pacto com Deus e sua crença de que não há outro Deus.
O clímax vem com o festival dos sacrifícios. Os peregrinos matam um animal (um carneiro, bode, camelo, boi etc). Esse sacrifício serve para lembrar aos muçulmanos que Abraão foi tão obediente a Deus que se dispôs a sacrificar seu próprio filho (embora no islã o filho seja chamado de Ismael, e não de Isaac como nos Livros de Moisés). Deus, porém, foi misericordioso e lhe enviou um animal para que ele o sacrificasse em lugar do filho. Aqui se revela claramente o cerne religioso da peregrinação: a obediência à vontade de Deus.