Todas as sociedades têm várias formas de distinção e estratificação em classes, mas é difícil encontrar um país onde isso tenha sido praticado tão sistematicamente quanto na Índia. Desde os tempos antigos sempre houve quatro classes sociais:
- Sacerdotes (brâmanes);
- Guerreiros;
- Agricultores, comerciantes e artesãos, e
- Servos.
À medida que a sociedade indiana se desenvolveu, as pessoas foram sendo divididas em novas castas. No início do século XX havia em torno de 3 mil castas.
Não se sabe como surgiu o sistema de castas, e não há prova definitiva de que se trata de uma evolução do sistema de quatro classes.
As castas em geral se associam a profissões especiais. Uma aldeia indiana pode conter de vinte a trinta dessas castas, e com frequência cada uma ocupa um agrupamento especial de casas. Cada casta tem suas próprias regras de conduta e de prática religiosa, que determinam com quem a pessoa pode se casar, o que ela pode comer, com quem pode se associar e que tipo de trabalho pode realizar. A base religiosa desse sistema é a noção de pureza e impureza. O contraste entre o que é “limpo” e o que é “impuro” permeia todo o hinduísmo. Para um brâmane, tudo o que tenha a ver com as coisas corporais ou materiais é impuro. Se ele se tornou impuro como resultado do nascimento, da morte ou do sexo — ou por meio do contato com um indivíduo “sem casta”, ou membro de uma casta inferior —, há diversas maneiras pelas quais ele pode se purificar. O método tradicional mais conhecido de purificação utiliza a água de um dos muitos rios sagrados da Índia, como o Ganges.
As regras que governam a pureza formam a base da divisão de trabalho na comunidade. Certas atividades e certos trabalhos são tão impuros que somente determinadas castas podem realizá-los. Essas castas têm o dever de ajudar os outros grupos a manter sua pureza.
Apenas as castas que preencham os requisitos da pureza podem se aproximar dos deuses mais elevados. Para que isso ocorra com mais facilidade, outras pessoas devem ser impuras. Entretanto, todos se beneficiam da limpeza dos “puros”, pois todos os hinduístas tiram proveito dos ritos que são praticados.
O sistema de castas deu um contexto à vida do indiano, assim como fez a tribo para o africano. Ser expulso de sua casta é o pior castigo imaginável, e só é usado para os crimes particularmente sérios. O nível mais baixo no sistema de castas é o dos “intocáveis” ou “sem casta” (também chamados “párias”); por exemplo, os criminosos, os lixeiros e os que trabalham curtindo o couro dos animais.
As complexas regras que controlam o contato social entre as castas eram muito rígidas; mas a Constituição indiana, que entrou em vigor em 1947, introduziu certas medidas para banir a discriminação por casta. Como não basta mudar a legislação para acabar com antigas divisões sociais e religiosas, o sistema de castas continua tendo um papel importante, em especial nas aldeias.