O credo do Islã

O credo do islã está resumido nesta curta declaração de fé:

Não há Deus senão Alá, e Maomé é seu Profeta.

Esses dois pontos constituem o núcleo da doutrina islâmica: o monoteísmo e a revelação por intermédio de Maomé

O monoteísmo no islã

Sobre o nome do Deus muçulmano, Alá, é importante observar que não se trata de um nome pessoal, e sim da palavra árabe que significa “Deus”. Os judeus e os árabes cristãos já a haviam empregado antes de Maomé. Ela também designava um deus que habitava o céu e que era adorado na antiga Arábia.

A palavra árabe Alá se relaciona etimologicamente com a palavra hebraica El, que é usada na Bíblia para nomear o Deus dos hebreus.

Maomé atacou com veemência o politeísmo dos árabes. Ele ressaltou, assim como fizeram os judeus e os cristãos, a crença num só Deus, que é criador e juiz. Esse Deus criou o mundo e tudo o que nele há, e no último dia irá trazer todos os mortos de volta à vida para julgá-los.

O islã não proíbe que se desfrute a vida na terra, mas lembra que se deve ter sempre em mente o fato de que esta não passa de uma preparação para a vida que começará depois do julgamento divino. Essa outra vida — seja no céu ou no inferno — é descrita em detalhes no Corão, mas há discordâncias quanto a sua interpretação, que pode ser literal ou metafórica.

A crença num julgamento final após a morte — tão significativa nas pregações de Maomé — é necessária, segundo muitos muçulmanos, para que o homem assuma a responsabilidade sobre seus atos. A ideia de um julgamento cria um senso moral de dever que é relevante para a comunidade.

No entanto, Deus não é apenas um juiz onipotente; além disso, é repleto de amor e compaixão. Todas as suras do Corão começam com as palavras: “Em nome de Alá, o Misericordioso, o Compassivo”. Embora Deus seja aquele a quem todos devem se submeter, também é o que perdoa e auxilia o homem.

Uma expressão islâmica corrente, que é sempre repetida no chamado às preces, é “Alá hu Akbar”: “Deus é o maior”, ou “Deus é maior”. Entre outras coisas, isso significa que Deus é maior do que qualquer coisa que possamos compreender. Ele não pode ser comparado com as pretensões humanas. Não pode ser assemelhado a nada, e não há ninguém que seja seu igual.

O homem não merece nada de Deus, não pode invocar direitos sobre nada. A salvação e a fé brotam somente da graça de Deus, e são coisas que os seres humanos podem apenas ter esperança de conseguir.

O fato de que Deus é maior também implica que ele ultrapassa todas as concepções dos mortais. Este é o argumento utilizado pelos muçulmanos para explicar aparentes contradições no Corão.

Revelação

Deus falou ao homem por intermédio de seu profeta Maomé, o último de uma linha de profetas que ele enviou à humanidade: Adão, Abraão, Moisés, Davi e Jesus. Originalmente, Maomé se considerava parte da comunidade judaico-cristã. Aos poucos ele se distanciou tanto dos judeus como dos cristãos. Logo de início os judeus apontaram que Maomé cometera erros em sua reinterpretação das narrativas do Antigo Testamento. Maomé não aceitou a acusação: as revelações que recebia eram a Palavra de Deus; assim, os judeus é que deviam ter distorcido o significado de suas escrituras sagradas.

A fim de criar um fundamento histórico para sua nova religião, Maomé se reportou a Abraão e seu filho Ismael, antepassado dos árabes. Ensinou que Abraão e Ismael tinham reconstruído a sagrada Caaba, que fora erigida por Adão mas destruída pelo dilúvio na época de Noé. Segundo Maomé, os judeus, os cristãos e os politeístas haviam corrompido o monoteísmo original de Abraão.

Quando chegou a Medina — onde havia uma grande população judaica —, Maomé ensinou que se deve orar com o rosto voltado na direção de Jerusalém. Depois do rompimento com os judeus, ficou decidido que o fiel deve se virar de frente para Meca. E a sexta-feira foi designada como o dia festivo da semana em vez do sábado, que é o Shabat judaico.

O ataque mais severo de Maomé contra o cristianismo se dirigiu à Trindade, que, segundo ele, é uma quebra do monoteísmo puro.

O Corão islâmico é, literalmente, a Palavra de Deus. Pode-se ilustrar melhor essa ideia fazendo uma comparação com o cristianismo.

O cristianismo ensina: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (João 1,14). Jesus é a revelação. No islamismo, Maomé é apenas um intermediário, pois a verdadeira revelação ocorre no próprio Corão. No cristianismo a Palavra de Deus se tornou uma pessoa; no islamismo, um livro. Portanto, não é correto comparar Jesus com Maomé e a Bíblia com o Corão. Seria mais apropriado dizer que existe um paralelo entre Jesus e o Corão. Outra diferença importante entre a Bíblia e o Corão é que a Bíblia é um texto histórico, ao passo que o Corão é “inchado” e existe para sempre.

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