Mitos e crenças da criação no Cristianismo

O objetivo das histórias da criação é descrever o que aconteceu no início dos tempos, quando o céu e a terra foram formados. Em geral chamamos essas histórias de mitos, ou histórias alegóricas. Os conceitos místicos do Gênesis dependem, claramente, de uma crença em Deus. E impossível reunir todo o material místico das histórias da criação e compor uma só imagem coerente do mundo. Na realidade, elas oferecem fragmentos de várias imagens do mundo, muito divergentes entre si.

Um ponto importante na teologia da criação bíblica é que o mundo não existiu desde tempos imemoriais. A palavra hebraica para criar é bará, que significa “fazer algo existir”, ou “fazer algo do nada”. Quando falamos que um artista está “criando” alguma coisa, queremos dizer que está formando algo com base num material já existente.

A crença que sustenta a história bíblica da criação deriva de mitos da criação de outras culturas, nas quais o homem imaginava que um ou mais deuses haviam organizado o mundo utilizando um material primordial informe. Na Bíblia, tudo o que existe deve sua origem a um comando real de Deus.

“Porque ele diz e a coisa acontece, ele ordena e ela se afirma” (Salmo 33,9).

O mundo não existe por acaso segundo o Cristianismo

As histórias da criação não oferecem respostas para perguntas científicas sobre como o mundo veio a existir, quanto tempo isso demorou e qual era o aspecto do mundo em termos biológicos e físicos. A ênfase não está em como Deus criou o céu e a terra, mas no fato de que foi ele quem os criou. Em outras palavras, o mundo que habitamos não é resultado de um acaso ou acidente. A Bíblia salienta que há uma vontade divina por trás da existência do universo. O mundo foi criado e continua a existir por causa de algo fora de si mesmo. E esse algo não é uma força impessoal, mas o poder de um Deus pessoal.

Quando a ciência moderna demonstra a evolução do mundo desde o início até os dias de hoje, um cristão compreende isso como uma descrição humana da obra de Deus como criador. Deus não apenas criou algo do nada, como também deu a esse algo uma capacidade evolutiva inata. A evolução faz parte da criação. Se voltarmos à história cosmocêntrica da criação, veremos que ela nos oferece uma imagem dinâmica:

Deus disse: “Que a terra produza seres vivos segundo sua espécie: animais domésticos, répteis e feras segundo sua espécie” e assim se fez. Deus fez as feras segundo sua espécie, os animais domésticos segundo sua espécie e todos os répteis do solo segundo sua espécie; e Deus viu que isso era bom. [Gênesis 1,24-25]

Deus criou o ser humano à sua imagem [Gênesis 1,27]

A criação do homem também tem duas versões diferentes no primeiro e no segundo capítulo do Gênesis:

Versão A:

Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança, e que ele domine sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra”.

Deus criou o homem à sua imagem,

à imagem de Deus ele o criou,

homem e mulher ele os criou. Gênesis 1,26-27

Versão B:

Então Iahweh Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente.Iahweh Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que lhe corresponda”.

Iahweh Deus modelou então, do solo, todas as feras selvagens e todas as aves do céu e as conduziu ao homem para ver como ele as chamaria: cada qual devia levar o nome que o homem lhe desse. O homem deu nomes a todos os animais, às aves do céu e a todas as feras selvagens, mas, para o homem, não encontrou a auxiliar que lhe correspondesse. Então Iahweh Deus fez cair um torpor sobre o homem, e ele dormiu. Tomou uma de suas costelas e fez crescer carne em seu lugar. Depois, da costela que tirara do homem, Iahweh Deus modelou uma mulher e a trouxe ao homem.

Então o homem exclamou:

“Esta, sim, é osso de meus ossos

e carne de minha carne!

Ela será chamada ‘mulher’,

porque foi tirada do homem!”.

Por isso um homem deixa seu pai e sua mãe, se une à sua mulher, e eles se tornam uma só carne.

Ora, os dois estavam nus, o homem e sua mulher, e não se envergonhavam. [Gênesis 2,7 e 2,18-25]

Todas as religiões têm sua própria concepção da humanidade. O ponto vital para um cristão é que o homem não foi criado a esmo, como se fosse um subproduto. Até mesmo as histórias da criação enfatizam que a humanidade é resultado da vontade e do poder de Deus. Isso indica, para a crença cristã, o valor do indivíduo. A humanidade tem um pai comum em Deus, e já que cada um de nós foi criado por ele, somos todos igualmente preciosos.

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