Os judeus têm costumes muito antigos relativos ao ciclo da vida: nascimento, juventude, casamento e enterro.
Circuncisão
Oito dias após o nascimento os meninos são circuncidados, conforme o mandamento da Torá: “Deveis circuncidar a pele do prepúcio, e este será o sinal da aliança entre nós. Cada varão dentre vós, em cada geração, será circuncidado no oitavo dia”. A circuncisão é feita por um especialista- Os padrinhos levam a criança até o “representante”, que a segura durante a cerimônia. Esta é acompanhada de orações, e a criança recebe formalmente seu nome. E uma cerimônia religiosa realizada numa atmosfera de alegria e celebração. Costuma ser seguida por uma refeição festiva.
A menina também recebe seu nome formalmente na sinagoga uma semana depois do nascimento. Seu pai é chamado até a Torá, e se faz uma oração pela mãe e pelo bebê
Bar Mitsvá e Bat Mitsvá
Aos treze anos o menino judeu se torna um Bar Mitsvá, expressão em hebraico que significa “filho do mandamento”. Isso acontece na sinagoga, no primeiro sábado após seu 13° aniversário. Durante o ano precedente ele deve ter aulas com um rabino ou outra pessoa instruída, para aprender as leis e os costumes judaicos. Deve também aprender o trecho da leitura da Torá que será feita no sábado em questão. Quando chega o dia, ele deve se levantar e ler alto seu texto, cantando-o conforme o costume. Isso confirma que ele passou a ser um membro pleno da congregação, com todas as responsabilidades que daí decorrem. Depois da cerimônia é hábito oferecer uma festa para a família e os amigos.
Uma menina se torna automaticamente Bat Mitsvá (filha do mandamento) quando completa doze anos. Costuma-se celebrar esse fato no primeiro sábado após seu 12° aniversário. Para isso ela prepara algumas palavras que deve dizer com a bênção (o kidush) depois do serviço. Por volta dos quinze anos as meninas aprendem o principal da história e dos costumes judaicos, particularmente as regras alimentares, que são responsabilidade da mulher.
Casamento
A família desempenha um papel muito especial no judaísmo. É dela que os judeus recebem sua identidade cultural e sua educação básica. O casamento é considerado o modo de vida ideal, instituído por Deus, e é o único tipo de coabitação permitido. Um judeu tem por obrigação casar com uma pessoa judia, porém os casamentos mistos estão se tornando cada vez mais comuns.
Alguns dias antes do casamento a mulher deve tomar um banho ritual. No dia do casamento, o noivo e a noiva ficam em jejum até o final da cerimônia. O casamento pode ser celebrado em qualquer lugar, mas normalmente acontece na sinagoga, debaixo de uma espécie de toldo (hupá) que simboliza o céu. Em geral é um rabino que realiza a cerimônia e lê as bênçãos e exortações. Os noivos então compartilham de um mesmo copo de vinho, como sinal de que irão dividir tudo o que a vida lhes trouxer. Em seguida, o noivo põe a aliança no dedo da noiva, dizendo em hebraico: “Eis que tu és consagrada a mim por esta aliança, segundo a Lei de Moisés e de Israel”.
Nesse ponto a ketubá é lida e entregue à noiva. A ketubá consiste no contrato de casamento, que é assinado pelo noivo antes da cerimônia e reúne todos os seus deveres para com a noiva.
Até aí a cerimônia não passou da formalização de um compromisso, mas tradicionalmente a formalização do compromisso já está incluída na própria cerimônia. O casamento propriamente dito começa com a leitura de sete bênçãos especiais; depois disso o casal toma vinho mais uma vez. O noivo então quebra um copo com o pé, em memória da destruição do Templo. Após o casamento os noivos são levados a um quarto particular, onde podem quebrar o jejum, e ficar a sós. Nos círculos estritamente ortodoxos, esta será a primeira vez que isso acontece. No fim da cerimônia, costuma-se oferecer uma grande festa e uma refeição comemorativa.
O divórcio é permitido, mas para que seja legítimo, deve ser sancionado por um tribunal rabínico e selado pelo marido, que dá à esposa a carta de divórcio.
Enterro
O enterro deve ocorrer o mais rápido possível depois da morte, em consideração às condições do corpo. A cremação não é permitida. 0 corpo do falecido é lavado, vestido com uma roupa branca simples e colocado num caixão de madeira sem ornamentos. Os homens são enterrados com seu xale de oração.
Não se usam flores nem música na cerimônia, que é realizada pelo cantor sacro. Ele joga três pás de terra sobre o caixão enquanto recita: “O Senhor dá e o Senhor tira — bendito seja o nome do Senhor”. 0 rabino faz um discurso em memória do morto, e os filhos homens, ou o parente mais próximo do sexo masculino, recitam uma oração — o Kadish. Após o funeral, a família fica de luto por uma semana. No aniversário da morte, todos os anos, os parentes mais próximos acendem uma vela na sepultura e lêem o Kadish.
Os judeus têm muito apreço por seus cemitérios e os tratam com grande respeito.