A esperança cristã

A esperança cristã anseia por uma época em que tudo o que tiver permanecido imperfeito será substituído pela soberania absoluta e inconteste do amor de Deus. O cristianismo ensina que uma nova época surgiu com a vitória de Jesus sobre as forças destrutivas da existência. Apesar de Deus ter tido uma vitória decisiva, não é ainda a vitória final. Esta pertencerá a Jesus, quando ele retornar no final da história.

Os ensinamentos de Jesus deixam claro que sua referência ao reino de Deus significa mais que a mera salvação individual. A esperança cristã não tem apenas um aspecto pessoal. Tem também o aspecto social ou coletivo; em outras palavras, seu objetivo é uma nova fraternidade humana, uma nova ordem social ou um novo mundo. A esperança cristã abrange ainda um aspecto cósmico: haverá “um novo céu e uma nova terra”.

O juízo final

Quem deverá compartilhar da salvação cristã? O Novo Testamento contém dois grupos principais de afirmações a respeito do reino de Deus.

Por um lado, há a severa advertência de que a passagem para a vida se faz por uma “porta estreita”. Para poder viver no novo reino, o homem deve “negar a si mesmo” e se voltar para Deus. Deus não raro dá ao indivíduo uma escolha, e é preciso força de vontade para sacrificar o obstáculo para uma verdadeira comunhão com Deus. Aqui não se trata simplesmente de se livrar do egoísmo de uma vez por todas, mas também de escolher uma vida de obediência, humildade e amor. Não só a porta é estreita, o caminho também.

Junto a essas advertências há outras que retratam o reino como um presente, um dom. Alguns versículos do Sermão da Montanha deixam claro que a porta estreita não deixa de ser uma “porta aberta”. O mesmo se encontra nas mensagens que afirmam que o reino de Deus pertence às crianças e no convite a todos aqueles que estão “carregando um pesado fardo”. Essa é uma referência às pessoas que sentem que não merecem e às que estão abertas para Deus, aceitam seu presente sem reservas e sem pensar em suas próprias realizações.

Algumas passagens dos evangelhos apontam para a vinda de um “Dia do Senhor” ou “Dia do Juízo”, quando todos serão julgados por suas ações. Uma dessas passagens é a grande cena do julgamento do Evangelho de São Mateus.

Um fator comum aos ensinamentos do Novo Testamento sobre o juízo é a ideia de que o homem vive sob perpétua responsabilidade. O julgamento revela a injustiça do homem e lida com as coisas que são contrárias ao amor de Deus. Mais do que tudo, é a aceitação ou rejeição, pelo homem, de Cristo e do oferecimento de salvação de Deus que irão determinar seu destino no Dia do Juízo.

A doutrina religiosa sobre as “últimas coisas” é conhecida como escatologia. O Evangelho de São João é um tanto insólito em sua “escatologia dos dias presentes”. De acordo com ele, o julgamento está acontecendo aqui e agora, e a vida eterna é oferecida a este mundo no encontro com Cristo.

Em verdade, era verdade, vos digo:

quem escuta a minha palavra

e crê naquele que me enviou

tem a vida eterna

e não vem a julgamento, mas passou da morte à vida.

João 5,24

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