Bíblia, o livro sagrado dos judeus

O livro sagrado dos judeus é a Bíblia, uma coleção de textos de natureza histórica, literária e religiosa. A Bíblia judaica equivale ao Antigo Testamento, porém é organizada de maneira um pouco diferente. O cânone judaico foi fixado por um concilio (Concílio de Jamnia) por volta de 100 d.C. Compreende 24 livros, divididos em três grupos:

  • A Lei (Torá) — o Pentateuco, ou os cinco livros de Moisés;
  • * Os profetas (Neviim) — os livros históricos e proféticos;
  • * Os escritos (Ketuvim) — os demais livros;

Se tomarmos as letras iniciais dessas três partes, veremos que formam o acrônimo Tenakh, que é o nome judaico comum para a Bíblia. Na verdade, a palavra Bíblia vem do termo grego que significa “livros”.

A lei (Torá)

Na época de Cristo, os cinco livros de Moisés (ou Pentateuco) eram considerados pelos judeus uma só entidade e chamados de “A Lei”, pois continham as normas judaicas legais e morais, assim como as regras relativas ao culto. A divisão em cinco livros data de sua tradução para o grego, que foi feita com base no original hebraico por volta de 200 a.C.

Os cinco livros de Moisés não foram escritos por um único autor do início ao fim. A miríade de histórias que neles se encontra foi, por muito tempo, transmitida sobretudo oralmente. Os livros de Moisés compreendem, portanto, um complexo conjunto de textos escritos durante um longo período, num processo que se completou por volta de 400 a.C.

Os livros históricos e proféticos

Esses livros tipicamente consideram os acontecimentos políticos uma expressão das relações entre Deus e os israelitas, sob circunstâncias variadas. Toda a história de Israel é apresentada como um exemplo da lei da justa retribuição: a conformidade com a vontade de Deus traz bênçãos para seu povo, com tanta certeza como a desobediência e a apostasia (o abandono da religião) levam a um julgamento severo e à dor. O destino de Israel é constantemente interpretado à luz das exigências divinas. Assim, tais livros podem ser lidos como uma justificativa para a destruição do Templo de Jerusalém e para o exílio de grande parte da população na Babilônia.

Trata-se da mais antiga história escrita de que há registro no mundo.

O objetivo dos livros históricos do Antigo Testamento não era registrar a história, e sim dar a ela uma interpretação religiosa.

Dois dos livros históricos receberam nomes de mulher. Os livros de Rute e de Ester são histórias curtas e belas, com mulheres no papel principal.

Os livros proféticos são Isaias, Jeremias, Ezequiel e os Doze Profetas Menores, assim chamados por causa da brevidade de suas obras; Oséias, Joel, Amos, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

Segundo seu próprio testemunho, os profetas foram chamados para proclamar a vontade de Deus. Muitas vezes eles usam a fórmula “Diz o Senhor”. Ao transmitir uma mensagem, por exemplo, vinda de um rei, o mensageiro a iniciava com as palavras “Diz o rei”. Desse modo, deixava claro que não estava falando por si mesmo. Da mesma forma, os profetas acreditavam que tinham sido enviados por Deus para levar a mensagem dele ao povo.

Se as pessoas não vivessem segundo as exigências feitas por esse Deus justo, ele iria, segundo os profetas, distribuir seu julgamento e aplicar seu castigo.

Um bom exemplo da pregação desses profetas é a de Amós, o profeta mais antigo da Bíblia, que viveu por volta de 750 a.C. Seu ataque contra o abandono da maneira correta de adorar a Deus, bem como suas críticas à desigualdade social e à opressão dos ricos sobre os pobres, continua despertando interesse até hoje. Amós chega a ponto de mostrar os pobres e oprimidos como os verdadeiros justos, em oposição aos ricos.

Assim como as profecias prediziam que haveria um julgamento severo sobre Israel, elas previam também a salvação. Deus haveria de salvar do julgamento e da destruição alguns “remanescentes” de seu povo, e enviar um príncipe ou rei da paz, vindo da linhagem de Davi, que faria Israel reviver e o conduziria a um futuro feliz. Tais profecias são particularmente numerosas em Isaías, nos capítulos 7, 9 e 11.

Um terceiro tipo de voz profética é a exortação, representando algo intermediário entre os dois outros tipos de profecia. Aqui, o caminho está aberto para que as pessoas se salvem do julgamento divino, desde que se arrependam e vivam de acordo com a vontade de Deus.

Os escritos poéticos

Entre os textos poéticos do Antigo Testamento, foram os Salmos que tiveram maior significado histórico. A maioria dos 150 salmos foi escrita na época dos reis, isto é, antes da destruição de Jerusalém em 587 a.C. Foram compostos sobretudo para os serviços do Templo e as grandes festas do Templo em Jerusalém. Mas também há exemplos de salmos que os israelitas dizem em suas orações individuais. Com base em seu conteúdo, podemos dividir os salmos em vários tipos. Os três mais importantes são os cânticos de louvor (hinos), de lamentação (orações) e de ação de graças.

O fato de cerca de metade dos salmos serem atribuídos a Davi não quer dizer que tenha sido realmente ele o autor. Vários salmos são mais recentes. A expressão “de Davi” também pode significar “pertencente a Davi” ou “para o rei Davi”. Mesmo assim, é possível que alguns dos salmos mais antigos tenham sido escritos pelo próprio rei Davi.

O Livro de Jó é considerado por muitos uma “joia da literatura mundial”. Com seu suspense e sua construção quase novelesca, ele aborda o significado do sofrimento e da justiça de Deus. Jó é um homem justo e temente a Deus, que é posto à prova por Satã, com o consentimento de Deus. Ele então perde tudo o que possuía, e sua vida fica em ruínas. Em seu infortúnio, Jó clama contra Deus. Por que um homem justo como ele haveria de sofrer um destino tão terrível? Deus responde que o homem não tem o direito de ir contra a vontade de seu Criador; na verdade, não tem direito algum em relação a Deus. O livro termina com Jô aceitando seu destino e se submetendo a Deus — levando dessa maneira a que o vencedor da “aposta” seja Deus, e não Satã. No final, Jó não só consegue reaver todas as suas posses, como vê que elas foram “redobradas” por Deus.

A mais recente das escrituras do Antigo Testamento é o Livro de Daniel, escrito por volta de 165 a.C. Faz parte da literatura apocalíptica característica daquele período. A palavra apocalíptico vem de um termo grego que significa “descobrir” ou “revelar”. Aqui, indica uma literatura que irá desvelar ou revelar o plano de Deus para o mundo.






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