Os antepassados são invisíveis, mas acredita-se que mantenham a aparência que tinham em vida, ou talvez sejam um pouco menores.
Os africanos não têm nenhum conceito de divisão entre corpo e alma e não crêem que é a alma que sobrevive. Os espíritos já foram comparados a sombras ou duplos dos mortos, capazes de estar em vários lugares ao mesmo tempo: no túmulo, no mundo dos mortos ou em fenômenos próximos ao homem.
Uma noção comum é que os mortos vivem no mundo deles da mesma maneira que viviam neste. Até seu status social é mantido. Eles se revelam aos vivos sobretudo em sonhos, mas também como animais e outros objetos naturais.
Cada homem adulto que morre se torna um espírito ancestral ou um deus ancestral para os que ficaram vivos, mas nem todos exercem o mesmo papel, nem constituem objetos do mesmo culto. Os mais importantes são os espíritos dos pais de família, dos patriarcas e dos chefes da tribo. O homem que é considerado o pai fundador de uma linhagem de chefes com freqüência é cultuado como um deus acima de todos os outros, uma divindade nacional.
Culto aos antepassados é uma expressão que implica interação entre os vivos e os mortos. Os vivos obtêm força e socorro de seus ancestrais; ao mesmo tempo, os mortos dependem das oferendas de seus descendentes: é por meio desses sacrifícios que adquirem sua força e potência. Se não receberem oferendas, irão “morrer”, isto é, cessar completamente de existir.
Fazer um sacrifício a um ancestral pode ser algo bastante simples.
Mais comum é a oferenda familiar coletiva. Esta é comandada pelo chefe da família e presta homenagem aos pais já falecidos, os espíritos mais proeminentes. Ter status é fundamental, e o chefe da família é o único que tem o direito de fazer esse sacrifício; só que ele o faz em nome de toda a sua família.
O chefe da tribo é responsável pelos sacrifícios do grupo mais extenso. Em nome de toda a tribo, ele se dirige aos espíritos de antigos chefes e faz orações pedindo uma boa caça ou uma boa safra. Na época da colheita, os primeiros frutos são oferecidos aos espíritos dos chefes. Selecionam-se os melhores produtos em honra dos espíritos, e com o acompanhamento de orações, cantos e danças, as pessoas — em geral usando máscaras e outros adornos — expressam sua gratidão e oram para continuar tendo proteção.