Xintoísmo: da adoração aos kamis para a do imperador

Aos poucos foi ocorrendo uma mudança: em vez de adorar os kamis do falecido imperador, passou-se a adorar o próprio imperador. Ele era um kami vivo.

A origem do culto ao imperador se explica, em parte, pelas condições políticas do século passado. O Japão estava ameaçado pelo expansionismo ocidental e sentiu necessidade de reforçar no povo o caráter nacional. Ao mesmo tempo, a autoridade do imperador tinha sido solapada por líderes militares, os xoguns, que detinham o poder.

Em 1867, um golpe de Estado deu ao imperador Meiji o controle do país; ele iniciou então uma renovação política e religiosa. O xintoísmo se tornou a religião estatal, ao passo que templos budistas foram derrubados e vários elementos budistas foram expurgados da cultura xintoísta.

Retratos do imperador foram pendurados em todos os edifícios oficiais, nas escolas e nas fábricas, e as pessoas tinham de se curvar respeitosamente diante deles.

Juntamente com o culto ao imperador veio à tona um forte nacionalismo. Essa foi a base para o crescente expansionismo japonês, que culminou na Segunda Guerra Mundial, quando o Japão se alinhou com a Alemanha.

A religião ficou então totalmente vinculada ao nacionalismo. Um exemplo: o xintoísmo era a ideologia dos pilotos suicidas japoneses (kamikaze quer dizer “vento divino”).

Cada soldado que morria na guerra era imediatamente transformado num kami, e em sua honra se realizavam cerimônias nos templos xintoístas.

Após a derrota do Japão na guerra, em agosto de 1945, o imperador fez uma declaração renunciando a sua condição divina. O xintoísmo deixou de ser religião estatal; porém, o xintoísmo popular, que sempre havia coexistido com o culto imperial, sobreviveu e passou a experimentar um certo reavivamento.

O culto é observado tanto no lar como nos templos, dos quais há cerca de 20 mil. Antes administrados pelo governo imperial, os templos são hoje organizados em associações, com líderes eleitos pelo voto.








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