Ao longo da história foram registradas várias formas de religião. Por isso, sempre existem tentativas de explicar como elas surgem.
Uma das explicações é que o homem logo começou a ver as coisas a seu redor como animadas. Ele acreditava que os animais, as plantas, os rios, as montanhas, o sol, a lua e as estrelas continham espíritos, os quais era fundamental apaziguar. Tal crença foi chamada de animismo pelo antropólogo E. B. Tylor, que foi influenciado pela teoria de Darwin sobre a evolução. Segundo ele, o desenvolvimento religioso caminhou paralelamente ao avanço geral da humanidade, tanto cultural como tecnológico, primeiro em direção ao politeísmo (crença em diversos deuses) e depois ao monoteísmo (crença num só deus).
Outra explicação vê a religião como um produto de fatores sociais e psicológicos. Essa explicação é conhecida como um modelo reducionista, pois reduz a religião a apenas um elemento das condições sociais ou da vida espiritual do homem. Karl Marx, por exemplo, sustentava que a religião, assim como a arte, a filosofia, as idéias e a moral, não passava de um dossel por cima da base, que é econômica. O que dirige a história, de acordo com ele, é o modo como a produção se organiza e quem possui os meios de produção, as fábricas e as máquinas. A religião simplesmente refletiria essas condições básicas.
A explicação mais recente para religião caracteriza-a como um elemento independente, ligado ao elemento social e ao elemento psicológico, mas que tem sua própria estrutura.
Uma definição para a religião
Muitas pessoas já tentaram definir religião, buscando uma fórmula que se adequasse a todos os tipos de crenças e atividades religiosas partindo do princípio de que as religiões podem ser comparadas. Esse é um ponto em que nem todos os crentes concordam.
Há também estudiosos cuja opinião é que o único método construtivo de estudar as religiões é considerar cada uma em seu próprio contexto histórico e cultural. Contudo, há mais de um século os estudiosos da religião tentam encontrar traços comuns entre as religiões. O problema é que eles interpretam as semelhanças de maneiras diferentes. Alguns as consideram resultado do contato e do intercâmbio entre grupos raciais; segundo eles, as diferentes fés e idéias se espalharam do mesmo modo que outros fenômenos culturais.
Outros estudiosos fazem comparações a fim de descobrir o que caracteriza o conceito de religião em si. E aí que é importante estudarmos algumas definições:
A religião é um sentimento ou uma sensação de absoluta dependência.
Friedrich Schleiermacher (1768-1834)
Religião significa a relação entre o homem e o poder sobrehumano no qual ele acredita ou do qual se sente dependente. Essa relação se expressa em emoções especiais (confiança, medo), conceitos (crença) e ações (culto e ética).
C. P. Tiele (1830-1902
A religião é a convicção de que existem, poderes transcendentes, pessoais ou impessoais, que atuam no mundo, e se expressa por insight, pensamento, sentimento, intenção e ação.
Helmuth von Glasenapp (1891-1963)
Religiosa ou piedosa é a pessoa para quem algo é sagrado.
Nathan Söderblom (1866-1931)
A palavra sagrado tornou-se chave para os estudiosos das religiões no século XX pois ela descreve a natureza da religião e o que ela tem de especial
Para Rudolf Otto, em sua obra “A ideia do sagrado”, de 1917, o sagrado é aquilo que é totalmente diferente de tudo o mais e que, portanto, não pode ser descrito em termos comuns. Otto fala de uma dimensão especial da existência, a que chama de misterium tremendum et fascinosum (em latim, “mistério tremendo e fascinante”). É uma força que por um lado engendra um sentimento de grande espanto, quase de temor, mas por outro lado tem um poder de atração ao qual é difícil resistir.
Mircea Eliade, estudioso de religiões, acredita que o homem obtém seu conhecimento do sagrado porque este se manifesta como algo totalmente diferente do profano. Ele chama isso de hierofani, palavra grega que significa, literalmente, “algo sagrado está se revelando para nós”. E o que sempre acontece, não importa se o sagrado se manifesta numa pedra, numa árvore ou em Jesus Cristo. Alguém que adora uma pedra não está prestando homenagem à pedra em si. Venera a pedra porque esta é um hierofani, ou seja, ela aponta o caminho para algo que é mais do que uma simples pedra: é “o sagrado”.
Mesmo a palavra sagrado tendo torna-se chave para definir as religiões, elas podem ser estudadas a partir de seis aspectos: